quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Tempo de recomeços

 

Há quem veja o ano começar em janeiro. Eu vejo-o começar em setembro. 

Setembro sempre foi mais realista do que janeiro, não tem fogo de artifício, nem promessas exageradas. Traz-nos apenas uma folha em branco, discreta, e espera que sejamos nós a escrever nela.

Depois das férias, quando regressamos ao ritmo, é impossível não sentir que algo recomeça. Os dias ainda têm sol, mas as noites já pedem casacos. É nesse meio-termo que percebemos que a vida é feita de ciclos. Setembro não nos promete nada; apenas nos devolve a normalidade com uma ponta de esperança. É como se dissesse: “Tens mais uma oportunidade. Queres tentar outra vez?”

Há quem odeie este mês. Dizem que é o mês das despedidas do verão, das rotinas pesadas, dos despertadores sem dó. Mas eu aprendi a gostar dele, talvez porque nos obriga a olhar de frente para a vida. Janeiro ainda é sonho, setembro já é realidade. É quando percebemos se o que desejámos há meses atrás se cumpriu ou se ficou pelo caminho. É quando podemos ajustar rotas, trocar prioridades, voltar a insistir ou simplesmente largar o que não faz sentido.

Setembro tem cheiro a mudança. É o mês em que muitos começam empregos novos, em que os campeonatos regressam.

Recomeçar não é fácil. Obriga-nos a admitir que algo não deu certo ou que algo ficou por fazer. Mas também nos lembra que nunca é tarde para tentar de novo. Setembro não precisa de resoluções escritas em agendas; basta a coragem de dar um passo, mesmo que pequeno.

Talvez por isso eu goste tanto deste mês. Porque ele não tem a pressa nem a euforia dos inícios, mas sim a serenidade de quem sabe que o tempo passa e que só depende de nós o que vamos fazer com ele. Setembro é um convite: não a começar do zero, mas a continuar de onde parámos, com mais consciência, mais verdade e, quem sabe, mais coragem.

 Fábio Teixeira

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