terça-feira, 16 de abril de 2024

Encontro com o jovem escritor, Gonçalo Lima

 

O autor, Gonçalo Lima, esteve na nossa escola para apresentar o seu livro “Heróis do Mar e da Terra – Os Lusíadas do Séc. XXI”, uma obra inspirada pelos feitos épicos retratados em “Os Lusíadas”. Tal como Camões”, também o Gonçalo demonstra, com “engenho e arte”, um amor e respeito por um povo e por uma cultura. É, deveras, uma obra ousada!

Perante um público atento e curioso, o Gonçalo, através do seu percurso de vida, foi transmitindo várias mensagens de otimismo, onde destacou a importância da literatura e diversidade dos saberes/atividades na construção saudável de cada um.  Também fez questão de desconstruir alguns mitos, nomeadamente, a ideia de que os jogadores de futebol são menos capazes do que os outros.

Através deste tipo de iniciativas, para além da promoção da leitura, também se está a promover uma cultura de dimensão criadora, geradora de entendimentos, tão essencial nas nossa escolas.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Clube de Leitura


Aconteceu, hoje, pela manhã luminosa, mais um encontro do grupo de leitores.

A partir do livro "O Homem que Plantava Árvores", de Jean Giono, que os alunos leram nesta interrupção letiva, o grupo refletiu sobre as temáticas veiculadas por esta extraordinária obra. 
Mais um momento de encontros, partilhas e de promoção da leitura!

Às voltas com a Nuno Simões

 

A Biblioteca Escolar recebeu durante a manhã as turmas do Pré-Escolar. Neste espaço, os alunos ouviram e participaram na história “ Na floresta da preguiça “, de Sophie Strady, que os sensibilizou para a importância da preservação das florestas. No final, cantaram alegremente uma canção sobre a primavera. Os pequenos futuros alunos receberam com muito entusiasmo esta dinâmica promovida pela Biblioteca. De tarde, entraram em cena alguns alunos do 3.ºB, que representaram com muita criatividade e empenho uma adaptação do livro “ O tesouro”, de Manuel António Pina, para os futuros alunos do 5.º ano. A partir de um baú, que continha um tesouro, os alunos procuraram transmitir a importância de um direito fundamental que nos foi outrora retirado, a liberdade. Todas as sessões geraram um entusiasmo cativante, propício a uma melhor envolvência no processo educativo. 
A Biblioteca agradece a todas as funcionárias, Encarregada de Educação, que deu vida à mascote da Eco-Escolas e a todos os alunos envolvidos nesta atividade.

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Encontro com o jovem escritor Gonçalo Lima

Na próxima segunda-feira, dia 15 de abril, o autor Gonçalo Lima apresentará a sua recente obra no nosso auditório. Este encontro está já inserido no nosso programa da Semana da Leitura. 

Este ano, o nosso Concelho decidiu associar esta Semana da Leitura à grande semana das comemorações e festejos dos 50 anos do 25 de abril.
Brevemente anunciaremos o programa do nosso Agrupamento para a semana de 22 a 26 de abril.
 

domingo, 7 de abril de 2024

25 de abril, 25 poemas

 Tourada

Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.

Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.

Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.

Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.

Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.

Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.

Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...

Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.

E diz o inteligente
que acabaram asa canções.

José Carlos Ary dos Santos

https://www.abrilabril.pt/cultura/ary-era-grande-em-tudo

sábado, 6 de abril de 2024

25 de abril, 25 poemas

 Vejam bem

Vejam bemQue não há só gaivaotas em terraQuando um homem se põe a pensarQuando um homem se põe a pensar
Quem lá vemDorme à noite ao relento na areiaDorme à noite ao relento no marDorme à noite ao relento no mar
E se houverUma praça de gente maduraE uma estátuaE uma estátua de frebe a arder
Anda alguémPela noite de breu à procuraE não há quem lhe queira valerE não há quem lhe queira valer
Vejam bemDaquele homem a fraca figuraDesbravando os caminhos do pãoDesbravando os caminhos do pão
E se houverUma praça de gente maduraNinguém vem levantá-lo do chãoNinguém vem levantá-lo do chão
Vejam bemQue não há só gaivotas em terraQuando um homemQuando um homem se põe a pensar
Quem lá vemDorme à noite ao relento na areiaDorme à noite ao relento no marDorme à noite ao relento no mar

José Afonso

sexta-feira, 5 de abril de 2024

25 de abril, 25 poemas

 Os Índios da Meia-Praia

Aldeia da Meia-Praia, ali mesmo ao pé de Lagos
Vou fazer-te uma cantiga da melhor que sei e faço

De Monte Gordo vieram, alguns por seu próprio pé
Um chegou de bicicleta outro foi de marcha a ré

Quando os teus olhos tropeçam no voo de uma gaivota
Em vez de peixe vê peças de oiro caindo na lota

Quem aqui vier morar, não traga mesa nem cama
Com sete palmos de terra se constrói uma cabana

Tu trabalhas todo o ano, na lota deixam-te mudo
Chupam-te até ao tutano, levam-te o couro cabeludo

Quem dera que a gente tenha de Agostinho a valentia
Para alimentar a senha de esganar a burguesia

Adeus disse a Monte Gordo, nada o prende ao mal passado
Mas nada o prende ao presente se só ele é o enganado

Oito mil horas contadas laboraram a preceito
Até que veio o primeiro documento autenticado

Eram mulheres e crianças, cada um com seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra, quem diz o contrário é tolo

E se a má língua não cessa, eu daqui vivo não saia
Pois nada apaga a nobreza dos índios da Meia-Praia

Foi sempre a tua figura tubarão de mil aparas
Deixas tudo à dependura quando na presa reparas

Das eleições acabadas do resultado previsto
Saiu o que tendes visto muitas obras embargadas

Mas não por vontade própria porque a luta continua
Pois é dele a sua história e o povo saiu à rua

Mandadores de alta finança fazem tudo andar pra traz
Dizem que o mundo só anda tendo á frente um capataz

Eram mulheres e crianças cada um com seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra, quem diz o contrário é tolo

E toca de papelada no vaivém dos ministérios
Mas hão de fugir aos berros inda a banda vai na estrada.

José Afonso

https://expresso.pt/50anos/100-personalidades/2023-02-16-span-style-colore4bb81Jose-Afonso-span-brA-voz-da--fraternidade--setimo-dos-50-perfis-que-definem-50-anos-de-historia--52e7fb73

quinta-feira, 4 de abril de 2024

25 de abril, 25 poemas

 A cor da liberdade

Não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.

Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.

Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas, embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo,
não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.


Jorge de Sena


https://arquivos.rtp.pt/conteudos/entrevista-a-jorge-de-sena/

quarta-feira, 3 de abril de 2024

25 de abril, 25 poemas

 Urgentemente

É urgente o amor
É urgente um barco no mar

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos, muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.


Eugénio de Andrade

https://expresso.pt/revista/culturas/livros/2023-01-19-Escrevo-quando-nao-tenho-Eugenio-de-Andrade-faria-100-anos-97ad3cb4

terça-feira, 2 de abril de 2024

25 de abril, 25 poemas

 Abandono

Por teu livre pensamento
Foram-te longe encerrar
Tão longe que o meu lamento
Não te consegue alcançar
E apenas ouves o vento
E apenas ouves o mar
 
Levaram-te a meio da noite
A treva tudo cobria
Foi de noite numa noite
De todas a mais sombria
Foi de noite, foi de noite
E nunca mais se fez dia.
 
Ai! Dessa noite o veneno
Persiste em me envenenar
Oiço apenas o silêncio
Que ficou em teu lugar
E ao menos ouves o vento
E ao menos ouves o mar.

David Mourão-Ferreira

https://www.publico.pt/2011/09/25/jornal/ah-meu-filho-meu-filho-meu-pai-23006485


segunda-feira, 1 de abril de 2024

25 de abril, 25 poemas

 Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso,
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos,
que em oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.


Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho alacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que foça através de tudo
num perpétuo movimento.


Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, paço de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão de átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

 António Gedeão

https://observador.pt/2017/02/19/antonio-gedeao-o-poeta-que-veio-do-fundo-dos-tempos-morreu-ha-20-anos/