Biblioteca Digital 3º Ciclo e Ensino Secundário
sexta-feira, 19 de abril de 2024
quinta-feira, 18 de abril de 2024
terça-feira, 16 de abril de 2024
Encontro com o jovem escritor, Gonçalo Lima
O autor, Gonçalo Lima, esteve na nossa escola para apresentar o seu livro “Heróis do Mar e da Terra – Os Lusíadas do Séc. XXI”, uma obra inspirada pelos feitos épicos retratados em “Os Lusíadas”. Tal como Camões”, também o Gonçalo demonstra, com “engenho e arte”, um amor e respeito por um povo e por uma cultura. É, deveras, uma obra ousada!
Perante um público atento e curioso, o Gonçalo, através do seu percurso de vida, foi transmitindo várias mensagens de otimismo, onde destacou a importância da literatura e diversidade dos saberes/atividades na construção saudável de cada um. Também fez questão de desconstruir alguns mitos, nomeadamente, a ideia de que os jogadores de futebol são menos capazes do que os outros.
Através deste tipo de iniciativas, para além da promoção da leitura, também se está a promover uma cultura de dimensão criadora, geradora de entendimentos, tão essencial nas nossa escolas.
quinta-feira, 11 de abril de 2024
Clube de Leitura
Às voltas com a Nuno Simões
quarta-feira, 10 de abril de 2024
Encontro com o jovem escritor Gonçalo Lima
domingo, 7 de abril de 2024
25 de abril, 25 poemas
Tourada
Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.
Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.
Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.
Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.
Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.
Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...
Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.
E diz o inteligente
que acabaram asa canções.
José Carlos Ary dos Santos
sábado, 6 de abril de 2024
25 de abril, 25 poemas
Vejam bem
Que não há só gaivaotas em terra
Quando um homem se põe a pensar
Quando um homem se põe a pensar
Dorme à noite ao relento na areia
Dorme à noite ao relento no mar
Dorme à noite ao relento no mar
Uma praça de gente madura
E uma estátua
E uma estátua de frebe a arder
Pela noite de breu à procura
E não há quem lhe queira valer
E não há quem lhe queira valer
Daquele homem a fraca figura
Desbravando os caminhos do pão
Desbravando os caminhos do pão
Uma praça de gente madura
Ninguém vem levantá-lo do chão
Ninguém vem levantá-lo do chão
Que não há só gaivotas em terra
Quando um homem
Quando um homem se põe a pensar
Dorme à noite ao relento na areia
Dorme à noite ao relento no mar
Dorme à noite ao relento no mar
sexta-feira, 5 de abril de 2024
25 de abril, 25 poemas
Os Índios da Meia-Praia
Aldeia da
Meia-Praia, ali mesmo ao pé de Lagos
Vou fazer-te uma cantiga da melhor que sei e faço
De Monte Gordo
vieram, alguns por seu próprio pé
Um chegou de bicicleta outro foi de marcha a ré
Quando os teus
olhos tropeçam no voo de uma gaivota
Em vez de peixe vê peças de oiro caindo na lota
Quem aqui vier
morar, não traga mesa nem cama
Com sete palmos de terra se constrói uma cabana
Tu trabalhas
todo o ano, na lota deixam-te mudo
Chupam-te até ao tutano, levam-te o couro cabeludo
Quem dera que
a gente tenha de Agostinho a valentia
Para alimentar a senha de esganar a burguesia
Adeus disse a
Monte Gordo, nada o prende ao mal passado
Mas nada o prende ao presente se só ele é o enganado
Oito mil horas
contadas laboraram a preceito
Até que veio o primeiro documento autenticado
Eram mulheres
e crianças, cada um com seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra, quem diz o contrário é tolo
E se a má
língua não cessa, eu daqui vivo não saia
Pois nada apaga a nobreza dos índios da Meia-Praia
Foi sempre a
tua figura tubarão de mil aparas
Deixas tudo à dependura quando na presa reparas
Das eleições
acabadas do resultado previsto
Saiu o que tendes visto muitas obras embargadas
Mas não por
vontade própria porque a luta continua
Pois é dele a sua história e o povo saiu à rua
Mandadores de
alta finança fazem tudo andar pra traz
Dizem que o mundo só anda tendo á frente um capataz
Eram mulheres
e crianças cada um com seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra, quem diz o contrário é tolo
E toca de
papelada no vaivém dos ministérios
Mas hão de fugir aos berros inda a banda vai na estrada.
https://expresso.pt/50anos/100-personalidades/2023-02-16-span-style-colore4bb81Jose-Afonso-span-brA-voz-da--fraternidade--setimo-dos-50-perfis-que-definem-50-anos-de-historia--52e7fb73
quinta-feira, 4 de abril de 2024
25 de abril, 25 poemas
A cor da liberdade
Não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Eu
não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.
Trocaram
tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas, embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo,
não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Jorge de Sena
quarta-feira, 3 de abril de 2024
25 de abril, 25 poemas
Urgentemente
É urgente o amor
É urgente um barco no mar
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos, muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
Eugénio de Andrade
terça-feira, 2 de abril de 2024
25 de abril, 25 poemas
Abandono
segunda-feira, 1 de abril de 2024
25 de abril, 25 poemas
Pedra Filosofal
Eles não
sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso,
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos,
que em oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho alacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que foça através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, paço de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão de átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.