Inês de Barros Baptista nasceu em Lisboa, a 29 de Setembro de 1966. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Trabalhou vários anos em agências de publicidade, como copywriter, e iniciou-se no jornalismo em 1992, no jornal Semanário. Foi, durante oito anos, directora da revista PAIS & Filhos. Colabora atualmente com a revista Pública.
Publicou várias obras, entre elas, O Dia e a Menina Fada (1985), vencedor do Prémio Revelação de Literatura Infantil da Fundação Calouste Gulbenkian, Há Vozes na Ilha (1996) e Pede um Desejo (2007).
É mãe de quatro filhos.
Algumas turmas foram convidadas a trabalhar uma das obras da autora: Índigo.
Depois de um incêndio destruir a sua aldeia, Índigo parte com a mãe em busca de um novo lugar para viverem juntos. Quando finalmente o encontram, os habitantes estranham a pele azulada deste menino que sabe falar a língua dos animais e das fadas, imitar o canto dos pássaros e subir aos ramos mais altos das árvores. Índigo é confrontado com desafios inimagináveis. A verdade é que a sua presença irá mudar profundamente cada um dos habitantes da aldeia.
Excerto do livro
"Numa
noite de Verão, quando o fogo começou a descer pela colina a norte do rio,
Índigo estava ainda deitado no alpendre como vista para o céu. O vento soprava
morno de leste e trazia com ele o embalo das cigarras. Em pouquíssimo tempo,
porém, um cheiro a queimado tomou conta do ar e levantou-se um burburinho na
aldeia. Toda a gente corria e gritava abafando as cantoras, o vento de leste
transformava-se em fumo. A coluna de lume descia a encosta e era maior a cada
passo que dava. Colava-se às árvores, depois trepava por elas, estendendo-se
aos ramos, subia até aos mais altos, queimava-os. O fumo punha os olhos a arder
e a mansa colina de Terra polvilhada de verde consumia-se em chamas.
(...)
Sem nada a prendê-los à aldeia, os habitantes foram partindo, um a um, em busca
de outro vale fértil onde pudessem construir casas, semear trigo, flores,
árvores de fruto, e recomeçar tudo de novo. Alguns tinham família perto dali;
outros, amigos que lhes dariam guarida; outros ainda, alguém conhecido que os
poderia acolher por uns meses .
- E nós? - perguntou Índigo à mãe, quando já todos tinham partido.
- Nós vamos também - disse-lhe a mãe, mesmo sabendo que não tinham para onde
ir."
Sem comentários:
Enviar um comentário